A websérie com 5 episódios, com média de duração de 15 minutos cada, será disponibilizada gratuitamente no Youtube.

Em 2020, em plena Pandemia do Coronavírus, a Companhia Delas trabalhou para levar ao meio digital sua pesquisa sobre Mulheres e Ciência. O primeiro resultado foi a Trilogia Olho Mágico, recentemente premiada pelo APCA 2020. Agora, para comemorar seus 20 anos de história, as atrizes contam a história de Maria Sibylla Merian numa websérie em 5 episódios transmitidos pelo Youtube, onde também haverá um conjunto de ações e conteúdos voltados para crianças.
Além da qualidade da pesquisa científica, histórica e a experiência das componentes do grupo na comunicação com o público infanto-juvenil, outro grande diferencial do projeto é que todo o material criado pela Companhia será também disponibilizado em uma versão com recursos de acessibilidade, contando com audiodescrição e interpretação em libras.
Há 20 anos, as atrizes Ciça Magalhães, Fernanda Castello Branco, Julia Ianina, Paula Weinfeld e Thaís Medeiros decidiram, ainda adolescentes, no Teatro Escola Célia Helena, formar uma companhia para fazer teatro do jeito delas.
Com 16 prêmios no currículo e sucesso de críticas, a Companhia Delas inicia as comemorações de duas décadas de história, a partir de 24 de fevereiro, com a websérie Maria e os Insetos, que conta, para crianças, a trajetória de Maria Sibylla Merian, nascida na Alemanha em 1647, que combinou ciência e arte para se tornar uma das maiores ilustradoras científicas de todos os tempos.
O trabalho foi concebido para o teatro com direção de Thaís Medeiros, com as atrizes Julia Ianina, Fernanda Castello Branco e Paula Weinfeld no elenco e chegou a estrear no Sesc Consolação em fevereiro de 2020 com ingressos esgotados e fila de espera em todas as sessões Com a pandemia, as atrizes decidiram que desdobrariam o trabalho para o audiovisual com a proposta de “ser gostoso de assistir em casa, mas que também tenha um gostinho de teatro”.
Buscaram uma equipe audiovisual para ajudar na missão e chamaram para formar a time o Murilo Alvesso (Assum Filmes), que entendeu o desejo da companhia e encaminhou a filmagem de forma viva, pulsante, reafirmando a todo momento a teatralidade do registro. A direção de arte fica por conta da experiente atriz, artista plástica e figurinista Mira Haar, uma das criadoras do Pod Minoga na década de 60 e também conhecida pelos seriados Rá-Tim-Bum e Mundo da Lua, da TV Cultura.
A websérie com 5 episódios, com média de duração de 15 minutos cada, será disponibilizada gratuitamente no Youtube e foi gravada durante quatro dias, em setembro de 2020 no Sesc Santo André. “O grande desafio foi entender como fazer a peça sem buscar o olhar das crianças na plateia, que é algo muito importante para nós. A gente precisou criar uma nova relação com quem nos assiste através da câmera. E nessa nova experiência, a câmera era nosso público imaginário”, contam as atrizes.
Para a companhia, contar a história de Maria Sibylla Merian durante a pandemia é muito oportuno, já que estamos vivendo um momento que escancara a necessidade de entender e valorizar o papel da ciência. “Nessa pesquisa descobrimos que artistas e cientistas têm tudo a ver. Ambos precisam ser criativos e curiosos, ambos fazem perguntas e buscam respostas. As crianças também têm essas qualidades e se identificam com o desejo de entender o mundo. Por isso a gente ama contar histórias de mulheres que enfrentaram a ignorância e a intolerância para entender e melhorar o mundo em que viviam”, comentam as integrantes da Companhia Delas.
Quem foi Maria Sibylla Merian e por que contar sua história?

Desde jovem, Maria começou a coletar insetos para estudar seus comportamentos. O padrasto ensinou-a a pintar, habilidade que ela usou para ilustrar os diferentes estágios da vida de seus insetos favoritos. Maria se interessava especialmente pelas borboletas. Na época, ninguém entendia realmente a conexão entre as lagartas e as borboletas. Em 1679, ela publicou um livro sobre metamorfose, repleto de anotações científicas e ilustrações.
A partir daí a vida de Maria mudou drasticamente. Ela deixou o marido e levou a mãe e suas duas filhas para a Holanda. Elas se juntaram a um grupo religioso estrito que tinha laços com uma colônia holandesa na América do Sul, o Suriname. O grupo religioso mal administrado acabou se desfazendo, mas o interesse de Maria pelo Suriname permaneceu. Aos 52 anos de idade, curiosa a respeito dos novos insetos, Maria desbravou as florestas da América do Sul. Ela documentou insetos nunca vistos antes e enfrentou os perigos da chuva e do calor. Infelizmente, a viagem terminou antes do previsto, pois ela contraiu malária e teve que voltar à Europa. Mas ela já tinha feito as ilustrações de que precisava para criar seu maior livro. “A metamorfose dos insetos do Suriname” foi publicado em 1705 e se tornou um sucesso em toda a Europa. O trabalho de Maria ajudou os cientistas futuros a classificar e entender os insetos. Suas ilustrações belas e detalhadas surpreendem e ensinam pessoas até hoje.
“As mulheres são praticamente metade de nossa população e simplesmente não podemos nos dar ao luxo de ignorar esse poder cerebral: o progresso da humanidade depende de nossa busca contínua pelo conhecimento. Mulheres como Maria Sybilla Merian provam ao mundo que não importa o gênero, a raça ou os antecedentes: qualquer pessoa pode realizar coisas grandiosas. O legado delas está vivo. Hoje, mulheres de todo o mundo continuam arriscando tudo para descobrir e explorar. Celebremos essas desbravadoras para que possamos inspirar a próxima geração. Juntas, podemos continuar do ponto em que elas pararam e seguir na busca do conhecimento. Acreditamos no poder de espalhar histórias inspiradoras como essa e em contribuir para a transformação dessa realidade. Essa é nossa parte nesse trabalho de formiguinha”, falam as atrizes.
Do teatro para o audiovisual

Murilo Alvesso conta que há um tempo procura entender como a experiência do teatro pode ser compatível com o vídeo, já sabendo que diante da câmera a obra sempre se transforma em outra. “As perspectivas e os olhares seguem uma lógica diferente na tela. Os movimentos de câmera e a proximidade com os atores são boas ferramentas para perseguir o vigor que só a presença no teatro tem. É um exercício de parceria com a turma do espetáculo que precisa estar aberta a transformações na encenação, e com a Companhia Delas isso foi perfeito. Na aventura de levar Maria e os Insetos para o formato audiovisual, a intenção foi que a câmera pudesse estar simultaneamente na cena e na plateia. Assim como um quarto personagem, o público dessa websérie vai seguir viagem com a Maria por oceanos e florestas construídas dentro do palco e da imaginação”, conta Murilo.
A veterana Mira Haar já dirigiu espetáculos da companhia e faz os figurinos e cenários desde o início do grupo. “Em Maria e os Insetos não foi diferente, mas foi ainda mais especial porque a Maria Sibylla era ilustradora - ela traz seus estudos com cor, textura e composições muito bonitas. Nós queríamos trazer a beleza das suas ilustrações para a peça. Por isso, era inevitável que a questão plástica e estética fossem centrais nesse trabalho. E ninguém melhor que a Mira para aproveitar todo esse material e levar pro palco. Quando chegou a câmera foi incrível, porque pudemos explorar a dimensão dessa beleza em várias camadas. Aí entra a importância da luz, que foi essencial para criar ambientes, climas, esconder e revelar o cenário na hora certa. Para esse desafio também tivemos o privilégio de contar com o talento do querido Wagner Freire, que, assim como a Mira, trabalha há anos com o nosso grupo e que reforçou a plasticidade da cena. Tudo isso é parte importante dessa história, é parte da dramaturgia também”, contam as criadoras da Companhia.
Ficha técnica
Direção: Thaís Medeiros
Dramaturgia Original: Fernanda Castello Branco, Julia Ianina, Paula Weinfeld e Thaís Medeiros
Elenco: Fernanda Castello Branco, Julia Ianina e Paula Weinfeld
Direção de Arte: Mira Haar
Iluminação: Wagner Freire
Trilha Sonora Original: Arthur Decloedt
Gravações de Campo: Projeto Sonora – MIHNA (Museu Imaginário de História Natural da Amazônia)
Preparação Corporal: Mauricio Flórez
Consultora de Biologia: Profa. Me. Elaine Machado
Vídeo Metamorfose: Cia. Pavio de Abajour
Aderecista: Carlos Rebecca
Flipbook: Victor Merseguel
Animação Imagens Flipbook: André Catoto
Modelagem e Costura: Ateliê Judite de Lima
Chapéus: Fabio Namatame
Pintura Piso e Cavaletes: Fabin Cenografia Equipe
Design Painel e Identidade Visual: Lorota
Design Reproduções e Estudos: Theo Haar de Souza
Cenotécnico: Mateus Fiorentino Nanci
Contra-regra: Jean Marcel Silva
Assistente de Iluminação: Alessandra Marques
Operação de Luz: Sylvie Laila
Vozes: Carlos Moreno, Luiza Lian e Mira Haar
Violão: Sessa
Operação de Som: Samuel Gambini
Assessoria em Acessibilidade, Roteiro e Narração de Audiodescrição: Paula Souza Lopez
Consultoria de Audiodescrição:Felipe Mianes
Captação de voz: Estúdio Bside
Intérprete de Libras: Paloma Bueno
Consultoria em libras: Natalia Francisca Frazão
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Assessoria de Marketing Digital: Letícia Vitale
Comunicação e Estratégia de Mídias Sociais: Ó! Serviços Criativos
Gerenciamento e Inteligência do Canal: Juliana Piva
Design Gráfico Websérie: Designeria
Fotografia e Vídeo Metamorfose: Ligia Jardim
Edição Vídeo Metamorfose: Pedro Jorge
Direção Audiovisual: Murilo Alvesso
Câmeras: Murilo Alvesso, Jorge Yuri, Rogério Dragoni
Montagem e Finalização: Murilo Alvesso
Som direto: Tomás Franco
Grafismos: João Marcello Costa
Apoio Institucional: Goethe-Institut
Produção Executiva: Cecília Magalhães
Produção Geral: Segunda Casa Produções Culturais
Idealização: Companhia Delas de Teatro
Produção Audiovisual: Assum Filmes
Serviço
Todos episódios e atividades complementares serão disponibilizados no Canal de Youtube da COMPANHIA DELAS. Os 05 episódios serão lançados sempre às quartas-feiras às 11h, nos dias 24/02, 03, 10, 17 e 24/03.
Os 06 vídeos com atividades propostas pelo Coletivo Miudezas serão lançados sempre às sextas-feiras às 11h, nos dias 26/02, 05, 12, 19 e 26/03.